Mensagem do 100º Sínodo da Igreja Lusitana

100 sinodo grupo

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Mensagem do 100.º Sínodo

da Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica

(Comunhão Anglicana)

A segunda sessão do 100º Sínodo da Igreja Lusitana realizou-se de 30 de maio a 1 de junho 2024, na Paróquia do Salvador do Mundo, em Vila Nova de Gaia, sob o lema “Chamados à Esperança e Santidade em Cristo” (1.ª Carta de Pedro). Esta sessão foi precedida pela Sessão inaugural, realizada na Catedral de S. Paulo, Lisboa, a 17 e 18 de fevereiro de 2024, que contou com a presença do Senhor Arcebispo de Cantuária, Revmo.Justin Welby, na sua condição de Metropolita da Igreja Lusitana e líder espiritual da Comunhão Anglicana.

Durante três dias, cerca de meia centena de delegados, tanto clérigos como leigos, foram acompanhados por diversos convidados, de igrejas e instituições nacionais e estrangeiras, nomeadamente o Arcebispo anglicano de Dublin e Bispo de Glendalough, D.Michael Johnson e o Bispo Diocesano da Igreja Espanhola Reformada Episcopal, D.Carlos Lopez Lozano, bem como um representante da Conferencia das Igrejas Protestantes dos Países Latinos da Europa, Pastor Joel Guy e uma representante da sociedade missionária USPG , Ella Sibley ; enquanto, do lado nacional, estiveram presentes o Bispo Católico Romano da diocese do Porto, D. Manuel Linda e o Bispo da Igreja Metodista, Sifredo Teixeira, entre outros representantes institucionais, alguns dos quais marcaram a sua presença através de saudações gravadas em vídeo.

Após um Serviço Eucarístico inaugural, presidido pelo Bispo Diocesano, D. Jorge Pina Cabral, e acompanhado pelo clero, convidados e povo da Igreja, os trabalhos do Sínodo distribuíram-se entre a apresentação de relatórios das diferentes áreas da Igreja, a discussão de várias propostas e as eleições para os diversos órgãos da Igreja.

Entre os assuntos trazidos ao Sínodo, contam-se os relacionados com o trabalho de missão, de representação ecuménica nacional e internacional, de desenvolvimento da rede Lusófona da Comunhão Anglicana (Igrejas anglicanas de língua oficial portuguesa), de apoio ao trabalho específico da juventude, das mulheres e da diaconia (serviço e apoio social).

Clarificando a histórica decisão do Sínodo de 1991 que aprovou o acesso das mulheres ao ministério ordenado na Igreja Lusitana, a assembleia sinodal decidiu a atualização do texto dos Cânones, no sentido de tornar explícito que o acesso das mulheres ao ministério ordenado inclui o diaconado, o presbiterado e o episcopado.

A reflexão sobre o tema da sinodalidade foi central. Trata-se de um debate que vem sendo desenvolvido, em anos recentes, na Igreja Católica Romana, por iniciativa do Papa Francisco, mas que tem vindo a envolver outras igrejas, mesmo aquelas que, na sua natureza, têm já uma perspetiva de governo sinodal, pelo seu caráter democrático e participativo. O tema foi apresentado pelos Bispos Michael Jackson (Igreja Anglicana da Irlanda) e D. Manuel Linda (Bispo Diocesano do Porto), merecendo também destaque na alocução inicial do bispo D. Jorge, que considerou que “a Igreja Lusitana sempre entendeu que todos os cristãos batizados são ministros da Igreja; uns chamados a exercer o seu ministério como leigos e outros a servir a Deus através do Ministério Ordenado. Na Igreja Lusitana e na tradição anglicana, todos os crentes são chamados a uma verdadeira partilha nos direitos e responsabilidades na Igreja de Cristo e ninguém deve ser excluído deste exercício (…) Seguese o princípio de que “o que diz respeito a todos, por todos deve ser tratado”.

Esta visão de uma Igreja democrática e participativa foi relacionada pelo Bispo Diocesano com a realidade específica da nossa democracia nacional em 2024, quando afirmou “Coincidentemente celebramos também neste ano o cinquentenário da revolução do 25 de abril, pelo qual damos graças da Deus. Neste aniversário de abril percebemos o muito que de bom foi alcançado em tantas áreas da nossa vida coletiva”.

O Sínodo, traduzindo a realidade expressa na alocução do Bispo Diocesano de que “numa sociedade que facilmente cria divisões, muros e discursos de ódio, testemunhamos Jesus Cristo oferecendo espaços de diálogo e de conhecimento mútuo” , aprovou propostas de apoio e solidariedade com as vítimas da guerra da Ucrânia, com a Diocese Anglicana de Jerusalém, no contexto dos trágicos acontecimentos no Médio Oriente, solidarizando-se também com a Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, na sequência da maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. A noção clara de que um cristão não se pode alhear da sua condição de cidadão plenamente participante na sociedade civil em que se integra, determinou também um apelo do Sínodo à participação nas próximas eleições europeias de 9 de junho.

Nas palavras do Bispo Diocesano, “o sonho e a visão de um pequeno punhado de crentes reunidos em Sínodo, a 8 de março de 1880, ganhou na ação do Espírito Santo, diversas e belas expressões de fé que transformaram muitas vidas e continuam hoje também a transformar a vida de muitos e de muitas. Verdadeiramente a Igreja é de Deus e nela Deus está sempre presente como Bom Pastor.”

Vila Nova de Gaia, 1 de junho 2024

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