O Papa e vários líderes religiosos mundiais assinaram hoje um apelo conjunto para travar as alterações climáticas, denunciando uma “crise ecológica sem precedentes”.
“A COP26 de Glasgow é urgentemente chamada a oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem precedentes e à crise de valores em que vivemos e, assim, dar uma esperança concreta às gerações futuras: queremos acompanhá-la com o nosso empenho e a nossa proximidade espiritual”, referiu Francisco, num discurso entregue, no Vaticano, aos participantes no encontro ‘Fé e Ciência: Rumo à COP 26’.
A iniciativa reuniu líderes religiosos e cientistas em volta de um apelo dirigido aos participantes da COP26, em novembro deste ano, na Escócia.
O Papa começou por agradecer a presença dos vários responsáveis, sublinhando o desejo de um “diálogo profundo” entre as religiões e com os peritos em ciência.
Francisco acabaria depois por entregar o seu discurso aos participantes, por escrito, um texto onde destacava a “interligação” entre as pessoas e destas com a natureza.

Não se pode agir sozinho; é fundamental o empenho de cada um no cuidado dos outros e do ambiente, um empenho que leve à tão urgente mudança de rumo, que deve ser alimentada também pela própria fé e espiritualidade”.

O Papa alerta para a “cultura do descarte” e cita o apelo conjunto, no qual os signatários denunciam o que denominam como “sementes dos conflitos” que afetam a humanidade: “ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência”.
Francisco pede respostas para as mudanças climáticas, a desertificação, a poluição, a perda da biodiversidade, baseadas na “vocação ao respeito” de cada ser humano: “Respeito pela criação, respeito pelo próximo, respeito por si mesmo e respeito perante o Criador”.
 
Entre os vários intervenientes estiveram o patriarca Bartolomeu, de Constantinopla (Igreja Ortodoxa); Justin Welby, arcebispo da Cantuária, primaz da Igreja Anglicana; o grande imã de Al-Azhar (Islão sunita), Ahmad Al-Tayyeb.
Welby deixou um apelo à descarbonização da energia e ao “arrependimento” do sistema financeiro global, para que sirva como “fundamento para uma economia verde”, com mudanças nas regras comerciais e fiscais.
 
A iniciativa nasceu por proposta das Embaixadas da Grã-Bretanha e da Itália junto da Santa Sé e foi realizada em conjunto com o Vaticano, sendo desenvolvida através de encontros virtuais mensais que começaram no início deste ano, entre líderes religiosos e cientistas.
O apelo conjunto assinado pelos líderes religiosos, no início do encontro no Vaticano, foi entregue a Alok Kumar Sharma, presidente designado da COP26, e a Luigi Di Maio, ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional da Itália.
 
Os participantes depositaram, simbolicamente, um pouco de terra num vaso em que estava plantada uma pequena oliveira, que será agora colocada nos Jardins do Vaticano.
Após a sessão matinal, na festa litúrgica de São Francisco de Assis, vai decorrer um encontro à porta fechada, promovido pela Embaixada da Itália junto da Santa Sé.
O Papa já manifestou a sua intenção de participar na conferência mundial da ONU sobre alterações climáticas, deslocando-se a Glasgow.
 
In Cidade do Vaticano, 04 out 2021 (Ecclesia)

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