A NOSSA VIDA E O NOSSO FUTURO DEPENDE DA SAÚDE DA CRIAÇÃO DIVINA

 Notas para o sermão baseado nas leituras do dia 8 de Novembro olhando para o desafio da Restauração e Preservação do Meio Ambiente e Criação.

Josué 24:1-3ª, 14-25
  1. Josué congrega os líderes das tribos da comunidade peregrina de Israel e lhes recorda a sua história, a sua trajetória e os feitos que Deus realizara para a restauração da sua dignidade e liberdade. É o projeto de Deus para a nova vida desta comunidade martirizada no Egipto e sofrida através da sua experiência pelo deserto, sem comida abundante, sem água, sem segurança sanitária nem habitação permanente.
  1. Josué exorta o povo que guia para manter o TEMOR A DEUS seu Senhor e servi-lo com maior fidelidade afastando da sua vida outros deuses ou actos de idolatria (“tirai, pois, os deuses estranhos do meio de vós e inclinai os vossos corações para o Senhor, Deus de Israel”), Js. 24.23.
  1. Josué desafia a comunidade para fazer uma escolha esclarecida para cumprir o plano de um Deus zeloso e se devem focalizar apenas no projeto de Deus para que alcancem a vida porque doutra maneira a destruição das suas vidas seria inevitável. Js. 24.19b-20.
  1. Josué e sua família oferece-se como padrão e modelo de obediência, serviço e fidelidade a Deus no cumprimento do seu projeto para as suas vida e motiva os líderes da comunidade para seguirem o exemplo (“Ns serviremos o Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz.”…”Naquele dia, Josué fez aliança com o povo e deu-lhe…leis e prescrições”. Js. 24.24b-25)
  1. A estratégia de congregar, lembrar, informar, instruir e organizar os líderes e comunidades para prestar atenção, entender que a sobrevivência de suas vidas está ligada á saúde do planeta e é ainda muito valiosa se temos de envolver as nossas comunidades no trabalho da restauração da saúde do ambiente para que ele, por sua vez, garanta a continuidade da vida saudável às futuras gerações.
  1. Josué vê o Senhor como quem vai castigar o seu povo pela desobediência e idolatria. Mas agora nós entendemos que é a própria natureza que exige tratamento justo, na ausência do mesmo ela se desorienta e se vinga contra a vida humana e contra tudo. Sempre que chega esse momento a força dela prevalece e não há tréguas salvo se anteciparmos nossas acções de melhoramento da saúde ambiental.
  1. A lição alternativa em Sabedoria realça o facto de que é a sabedoria ou conhecimento que leva às acções corretas que promovem e defendem a vida. Essa sabedoria e conhecimentos não estão distante de nós mas de alguma maneira escondidos de tal modo que tanto o cidadão comum como o civilizado/elite não sabe ou não está convencido sobre o que deve fazer para garantir melhor qualidade de vida. É preciso procurar ou passar a sabedoria e experiencias para as encontrar (Sabedoria 6.12-15). É preciso meditar (refletir) e amar a sabedoria ou experiencias que transforma as vidas. Olhando para a temática da justiça ambiental as acções transformativas não estão distantes de qualquer um de nós mas o que parece distante é o olhar certo dos perigos que a destruição do ambiente representa. Falta ainda o reconhecimento de que toda a criação geme por causa do pecado/idolatria ou egoísmo e consumismo humano. Falta o reconhecimento deque neste tempo a natureza ainda espera ansiosamente a libertação, dando espaço para se realizar a restauração da sua integridade (Rom. 8.19-21) para o que é necessário que haja da parte das pessoas uma conversão e um olhar mais sábio e obediente ao plano de Deus e que comecemos a produzir frutos dignos de uma mudança positiva e respeitosa do nosso relacionamento com todos os elementos da criação.
Salmo 78:1-7

Este salmo volta a frisar a importância da temática do ensino e ensinamentos de Deus e a atenção humana às palavras do Criador. “O que ouvimos e aprendemos e os nossos antepassados nos transmitiram, não ocultaremos aos seus descendentes: e tudo contaremos às gerações vindouras” (Salmo78.3-4b). Aqui as perguntas que devemos nos fazer são:

  1. O que é que nossos ouvidos ouvira sobre como era a criação no passado?
  2. Quantas pessoas sabem hoje como foi a integridade da criação do nosso planeta?
  3. Que lições aprendemos e que lições e testemunho estamos passando às futuras gerações e de que maneira?
  4. O que é que está ocultado pelos exploradores dos nossos recursos naturais, em nome do desenvolvimento e que nós devemos denunciar para salvar a terra da presente destruição?
1 Tess. 4.13-18

Este famoso texto Paulino sobre a ressurreição e parusia focaliza e consolida a expectativa dos cristãos de que tudo irá bem com todos os que viverem pela fé n`Ele, tanto os que estariam esperando o dia da Ressurreição final a partir dos seus sepulcros, como aqueles que estando vivos seriam arrebatados para junto dele, marcando assim o início da comunhão eterna com Ele. S. Paulo busca convencer os crentes que a vinda do Senhor estaria perto e que o encontro vai ser no ar/no espaço, fora das amarras do mundo do pecado (o planeta dominado pelo mal) e que seria o momento da vitória e glória dos salvos e remidos e ao mesmo tempo o momento de agonia e perdição para os perdidos. Isto é, os bons vão escapar dos efeitos do mundo corrompido e em destruição. Mas olhando para os impactos das mudanças climáticas é certo que ninguém escapará das destruições que resultam dos desequilíbrios ecológicos, olhando só pelos efeitos das secas, ciclones, cheias, aluimentos de terras, poluições atmosféricas, aquecimento global, etc. Ninguém tem onde ir. Com ou sem fé morremos com agonia, dor, pânico e desespero se a natureza chegar ao seu limite de tolerância das destruições que os seres humanos causaram no seculo 20 e 21. A justiça ecológica deve ser considerada parte importante do evangelho da salvação a apregoar com os olhos no futuro.

Mt. 25.1-13
  1. Vigiar permanentemente a hora da chegada do Senhor da festa significa que a pessoa prudente sempre se lembra e se prepara para encarrar os momentos inesperados. A pessoa prudente pensa e age para andar na luz hoje e amanhã, para viver bem hoje mas com olhos fixos para aquilo que pode acontecer amanhã (Mt. 25.3-4).
  1. Este texto de S. Mateus é um daqueles pessoalmente me coloco em simpatia com as virgens néscias porque não encontramos expresso o esforço das prudentes no sentido de alertar e apoiar as néscias para que a ingenuidade e negligência delas não as afete gravemente. As prudentes as acho um tanto quanto egoístas, elitistas porque esconderam suas experiencias e conhecimentos sobre o comportamento das chegadas dos noivos ao casamento noturno. De uma forma geral a festa não animou porque havia 5 lugares vazios com gente a gemer lá fora de fome, de escuridão e do barulho das prudentes. As prudentes exploraram e pioraram a situação das moças ingénuas.
  1. Colocado isso na perspectiva ambiental e da criação os países ricos e desenvolvidos, seus governos e elites da ciência e tecnologia se portam da mesma maneira como as moças prudentes. Que sem sentir os efeitos da exploração desenfreada do meio ambiente e nosso habitat pioram as condições vida dos povos do terceiro mundo e se recusam com a partilha da tecnologia real e se contentam com o endividamento dos países pobres. O que não sabem ainda, embora esteja a acontecer quase em todo o lado, é que os efeitos das mudanças climáticas e de injustiça climática e ecológica não avisam onde vão se abater em cada momento. Pandemias como a actual da Covid-19 estão mostrando cada vez mais o quanto todos somos vulneráveis. Na situação de um planeta doente, caminhado para a destruição o pecado de poucos e indiferença de muitos remetera o planeta a um fim fatal, sem arrebatamento de uns e perdição de outros.
  2. O restauro da integridade da Criação deve ser visto e tratado como binómio da salvação humana e eterna. A evangelização deve ter como foco e prioridade o bem-estar da natureza/ambiente e o bem-estar da vida humana.

+ Carlos Matsinhe, Bishop of Libombos / Bispo dos Libombos

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