Dia da Terra na era do Coronavírus
artigo de reflexão pela

Reverenda Cónega Drª. Rachel Mash – Coordenadora ambiental da Igreja Anglicana da África do Sul e Coordenadora dos Green Anglicans.
 
«Há cinquenta anos no primeiro «Dia da Terra» realizado, 20 milhões de Americanos vieram para a rua, para demonstrar a sua oposição ao derramamento de óleo, à poluição atmosférica e à extinção da vida selvagem. Cinquenta anos depois mais de dois biliões de pessoas a nível global estão em confinamento. O que significa celebrar hoje o «Dia da Terra», perante o Coronavírus?
Em primeiro lugar o Coronavírus não é um desastre natural mas sim um desastre ecológico. Os Centros para o Controle e Prevenção das doenças, do Instituto Nacional de Saúde nos EUA, estimam que três quartos das «novas ou emergentes» doenças que infetam os seres humanos originam-se em animais selvagens ou animais domésticos
O Ébola, gripe suína, gripe das aves, e doença das vacas loucas foram todas chamadas de atenção. Quanto mais usamos práticas agrícolas animais não saudáveis e usurpamos os ecossistemas naturais, mais frequentes estas doenças se tornarão. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) refere que as pandemias são o efeito de boomerang da destruição dos ecossistemas.
Em segundo lugar e nas palavras do Papa Francisco partilhamos todos a mesma casa comum. Estamos a tomar consciência de que somos parte de uma rede de vida. O Coronavírus ensina-nos que a nossa segurança depende das ações de outros tal como as mudanças climáticas mostram que o futuro de toda a Terra depende das ações de todas as nações. O que acontecer à Terra implicará os seus filhos e filhas.
Em terceiro lugar, a mudança é possível. Vimos mudanças sem precedentes nos estilos de vida, transportes, e alivio da divida para os pobres. A Terra está a respirar e os céus estão azuis. Redescobrimos o valor do silêncio e o tesouro da criação.
O mundo ao qual iremos retornar poderá ser diferente, é uma oportunidade para redesenhar os nossos valores e prioridades. Deveremos repensar a nossa relação com a economia, a sociedade e a natureza. Temos que honrar os nossos trabalhadores agrícolas e proteger e valorizar o precioso solo da vida.
Dois anos após o primeiro «Dia da Terra» foram aprovadas as leis da água limpa e da proteção de espécies ameaçadas.
A mudança é possível. Sonhemos e trabalhemos para uma nova Terra. Neste  Dia da Terra vamo-nos comprometer a renovar a face da Terra».
 
(Traduzido e adaptado do Anglican News pelo Departamento de Comunicação da Igreja Lusitana- 22 Abril 2020)
 
 

 

Igreja Lusitana Católica Apostólica Evangélica - Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.