Prezadas(os) Irmãs(os),

A Paz do Cristo ressuscitado habite em vossos corações.  
 
1. Por recomendação do Conselho Consultivo Anglicano, foi solicitado a todas as Províncias e Dioceses Extra-provinciais da Comunhão Anglicana a observância do Sexto Domingo depois da Páscoa, como Domingo da Comunhão Anglicana. Foi também solicitado que a colecta do culto desse Domingo fosse destinada às actividades do Secretariado daquele Conselho. O Sínodo Diocesano de Fevereiro de 2004, analisou aquela recomendação e decidiu que se celebre, conforme o solicitado e com todas as Províncias desta família eclesial, o Domingo da Comunhão Anglicana.
 
2. A Comunhão Anglicana é uma família universal – internacional, interracial e intercultural – que congrega cerca de 84 milhões de pessoas em 38 Províncias e 6 Dioceses Extra-provinciais, em todos os continentes do mundo, na sua grande maioria de origem autóctone, com o seu povo e o seu episcopado. Esta família eclesial reúne-se em torno da Sé de Cantuária, e do seu Arcebispo – sinal visível de unidade – e afirma-se nos quatro pontos doutrinais do Quadrilátero de Lambeth, a saber: a aceitação da Sagrada Escritura (o Antigo e o Novo Testamentos) como Palavra de Deus revelada, norma última de fé, que contém tudo o que é necessário para a salvação; a aceitação da formulação de fé dos credos católicos, o Credo Apostólico, o Credo Niceno e o Credo de Santo Atanásio; a aceitação do Baptismo e da Sagrada Eucaristia como os dois grandes Sacramentos do Evangelho, instituídos por nosso Senhor Jesus Cristo; a aceitação do Episcopado Histórico, na sucessão apostólica testemunhada pela Igreja  e santificada por Deus, de todos os Bispos Católicos a partir dos Apóstolos.
Numa das suas intervenções o ex-Secretário Geral do Conselho Consultivo Anglicano, Revº. Cónego John Peterson,  disse: “todos nós viemos de diferentes culturas e tradições, e o que é mais extraordinário na maneira de ser anglicana é podermos celebrar a nossa diversidade bem como tudo o que nos une, isto é, Jesus Cristo a nossa pedra angular, a Escritura, os Credos e as tradições não somente da Igreja primitiva  como da Igreja que hoje somos”.
 
3. A Igreja Lusitana integrou-se oficialmente na Comunhão Anglicana num culto que teve lugar na nossa Catedral de S. Paulo, em 5 de Julho de 1980, como Diocese extra-provincial, sob a autoridade metropolitana do Senhor Arcebispo de Cantuária, na sua condição de Presidente do Conselho Consultivo Anglicano e da Conferência de Lambeth e sinal de unidade na Comunhão Anglicana. Assim se clarificou a nossa identidade eclesial e, em consequência, se afirmou a nossa posição inequívoca no contexto do Movimento Ecuménico.
Na verdade, a nossa Igreja, desde o início da sua restauração, assumiu o modo de ser anglicano, bem expresso na ordem de culto usada. No prefácio do Livro de Oração Comum  de 1884 lê-se: “a nascente Igreja Lusitana, até 1884 ... usou o Livro de Oração Comum das Igrejas Anglicanas”, e, mesmo, quando elaborou uma liturgia própria, em 1882, onde incorporou elementos litúrgicos de várias fontes, adoptou a ordem litúrgica anglicana, o que, na altura, era distinto do modo de cultuar de qualquer outra Igreja não católica em Portugal. Pode, assim, dizer-se que a nossa integração na Comunhão Anglicana, em 1980, não foi mais do que o reconhecimento oficial da nossa identidade eclesial. Como escreveu o então Bispo Diocesano, D. Luís César Rodrigues Pereira, no Novo Despertar, de Julho/Agosto de 1980, “foram nossos Pais, há cem anos, que lançaram as bases das alegres festas (centenário e da integração na Comunhão Anglicana), que temos estado a viver”.
Naturalmente, ao clarificarmos a nossa identidade como Igreja Anglicana, facilitámos o diálogo ecuménico com outras Igrejas. Deixámos de ser uma mera Igreja separada, só, para passarmos a ser uma Igreja com uma eclesiologia definida, em termos doutrinais e litúrgicos, o que muito nos tem ajudado nas nossas relações ecuménicas.
 
4. O sentido de pertença que nos advém de sermos parte de uma família confere-nos reconhecimento perante os outros.  Disso tem a nossa Igreja beneficiado. Basta lembrar a realização, no Porto, do Encontro dos Primazes da Comunhão Anglicana, que projectou a Igreja Lusitana em todo o mundo Anglicano.  Por outro lado, a família requer cooperação nos objectivos comuns. E a Igreja Lusitana tem-se feito presente sempre que solicitada. Foi assim com a minha participação na Comissão Permanente do Conselho Consultivo Anglicano, de 1993 a 1999, que mostrou como uma Igreja minoritária pode contribuir para o trabalho da Comunhão. Dessa presença em tão importante órgão da Comunhão Anglicana e também do que se tem mostrado no ministério de testemunho e serviço da Igreja Lusitana tem resultado uma maior consciência na Comunhão da importância a dar às igrejas anglicanas de menor dimensão.
 
5. Por tudo isto, devemos participar na festa do Domingo da Comunhão Anglicana, dando graças a Deus e tomando consciência de que a pertença a uma comunidade mundial de Igrejas também nos ajuda a afirmar a nossa fé em Cristo. Façamo-lo com corações reconhecidos, na alegria do louvor ao Senhor da Igreja. Elevemos a Deus, nosso Pai, uma oração fervorosa para que a paz e o amor reinem em todas as Igrejas da nossa Comunhão e também por todos aqueles e aquelas que trabalham nas suas missões de serviço e testemunho em todo o mundo, particularmente onde abundam os conflitos, a doença e a exploração humana.  Ainda, sejamos generosos na dádiva que vai servir de apoio e incentivo de amor aos que mais necessitam em outras partes do mundo.
Digamos como o salmista no Salmo 71:

 

A tua generosidade, ó Deus, é tão grande como o céu;
Fizeste grandes coisas, ninguém é como tu!
Por isso, quero louvar a tua fidelidade, meu Deus.           

 
Vosso no amor de Cristo
 Fernando Soares, Bispo

 

O R A Ç Ã O
 
Ó Deus, criador e pai amantíssimo,
damos-te graças pela comunhão do Espírito
que, com laços de paz, nos une na família anglicana
como membros de um mesmo e só Corpo;
aprofunda a nossa Comunhão
de uns com os outros em Cristo,
e concede que através do teu Espírito,
continuamente a trabalhar em nós,
cresçamos no conhecimento do teu amor,
aprendendo diariamente a amar os nossos irmãos e irmãs
com o amor que nos mostraste em Jesus Cristo nosso Senhor. Ámen.

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