Domingo Comunhão Anglicana 2024

Domingo da Comunhão Anglicana - 12 de maio de 2024

1. Por recomendação do Conselho Consultivo Anglicano, foi solicitado a todas as Províncias e Dioceses Extra-provinciais da Comunhão Anglicana a observância do Sexto Domingo depois da Páscoa, como Domingo da Comunhão Anglicana.
Foi também solicitado que a coleta do culto desse Domingo, fosse destinada às atividades do Secretariado daquele Conselho.
O Sínodo Diocesano da Igreja Lusitana, em Fevereiro de 2004, analisou aquela recomendação e decidiu que se celebre, conforme o solicitado e com todas as Províncias desta família eclesial, o Domingo da Comunhão Anglicana.
 
2. A Comunhão Anglicana é uma família universal – internacional, interracial e intercultural – que congrega mais de 84 milhões de pessoas em 41 Províncias e 6 Dioceses Extra-provinciais, em todos os continentes do mundo, na sua grande maioria de origem autóctone, com o seu povo e o seu episcopado. Esta família eclesial reúne-se em torno da Sé de Cantuária, e do seu Arcebispo – sinal visível de unidade – e afirma-se nos quatro pontos doutrinais do Quadrilátero de Lambeth, a saber:
· a aceitação da Sagrada Escritura (o Antigo e o Novo Testamentos) como Palavra de Deus revelada, norma última de fé, que contém tudo o que é necessário para a salvação;
· a aceitação da formulação de fé dos credos católicos, o Credo Apostólico, o Credo Niceno e o Credo de Santo Atanásio;
· a aceitação do Batismo e da Sagrada Eucaristia como os dois grandes Sacramentos do Evangelho, instituídos por nosso Senhor Jesus Cristo;
· a aceitação do Episcopado Histórico, na sucessão apostólica testemunhada pela Igreja  e santificada por Deus, de todos os Bispos Católicos a partir dos Apóstolos.

3. A Igreja Lusitana integrou-se oficialmente na Comunhão Anglicana num culto que teve lugar na Catedral de S. Paulo, em Lisboa a 5 de
Julho de 1980, como Diocese extra-provincial, sob a autoridade metropolitana do Senhor Arcebispo de Cantuária, na sua condição de Presidente do Conselho Consultivo Anglicano e da Conferência de Lambeth e sinal de unidade na Comunhão Anglicana.  Assim se clarificou a nossa identidade eclesial e, em consequência, se afirmou a nossa posição inequívoca no contexto do Movimento Ecuménico.
Na verdade, a Igreja Lusitana, desde o início da sua restauração, assumiu o modo de ser anglicano, bem expresso na ordem de culto usada. No prefácio do Livro de Oração Comum  de 1884 lê-se: “a nascente Igreja Lusitana, até 1884 ... usou o Livro de Oração Comum das Igrejas Anglicanas”, e, mesmo, quando elaborou uma liturgia própria, em 1882, onde incorporou elementos litúrgicos de várias fontes, adotou a ordem litúrgica anglicana, o que, na altura, era distinto do modo de cultuar de qualquer outra Igreja não católica em Portugal. Pode, assim, dizer-se que a nossa integração na Comunhão Anglicana, em 1980, não foi mais do que o reconhecimento oficial da nossa identidade eclesial. Naturalmente, ao clarificarmos a nossa identidade como Igreja Anglicana, facilitámos o diálogo ecuménico com outras Igrejas. Deixámos de ser uma mera Igreja separada, só, para passarmos a ser uma Igreja com uma eclesiologia definida, em termos doutrinais e litúrgicos, o que muito nos tem ajudado nas nossas relações ecuménicas.
 
4. Por tudo isto, devemos participar na festa do Domingo da Comunhão Anglicana, dando graças a Deus e tomando consciência de que a pertença a uma comunidade mundial de Igrejas também nos ajuda a afirmar a nossa fé em Cristo. Façamo-lo com corações reconhecidos, na alegria do louvor ao Senhor da Igreja. Elevemos a Deus, nosso Pai, uma oração fervorosa para que a paz e o amor reinem em todas as Igrejas da nossa Comunhão e também por todos aqueles e aquelas que trabalham nas suas missões de serviço e testemunho em todo o mundo, particularmente onde abundam os conflitos, a doença e a exploração humana.  Ainda, sejamos generosos na dádiva que vai servir de apoio e incentivo de amor aos que mais necessitam em outras partes do mundo.
 

O R A Ç Ã O

Ó Deus, criador e pai amantíssimo,
damos-te graças pela comunhão do Espírito
que, com laços de paz, nos une na família anglicana
como membros de um mesmo e só Corpo;
aprofunda a nossa Comunhão
de uns com os outros em Cristo,
e concede que através do teu Espírito,
continuamente a trabalhar em nós,
cresçamos no conhecimento do teu amor,
aprendendo diariamente a amar os nossos irmãos e irmãs
com o amor que nos mostraste em Jesus Cristo nosso Senhor. Ámen.

Ser Anglicano Significa

- Ser parte da Igreja de Cristo, sem excluir ou isolar-se de outros Cristãos.

- Participar da vida do povo de Deus, com suas alegrias e tristezas.

- Pertencer a uma comunidade onde cada pessoa é respeitada em sua individualidade e pode utilizar os seus talentos.

- Apresentar uma teologia baseada nas Escrituras Sagradas e na Tradição, coerente com a inteligência e com a razão.

- Estar disposto a celebrar a unidade na diversidade.

- Considerar com seriedade as Escrituras Sagradas, sem crer que cada passagem deva ser interpretada literalmente.

- Preferir a liberdade em Cristo, mais do que a uniformidade de opiniões.

- Sentir devoção e reverência pelos Sacramentos, sem tentar definir cada ponto desses grandes mistérios.

- Conceber o ministério como dever e privilégio de todos os baptizados.

- Insistir na moralidade (aquilo que é bom e edifica) e evitar o moralismo (que define a salvação decorrente de uma conduta e não pela obra de Cristo).

- Participar da herança apostólica, a fé no Evangelho de Cristo.

- Ser parte de uma história antiga e sagrada, que se renova a cada dia.

- Crer que a Igreja é de todos e que todos têm o privilégio de sustenta-la segundo a possibilidade de cada um.

- Participar da administração e do governo da Igreja segundo a ordem estabelecida.

- Pertencer a uma família internacional, intercultural e inter-racial que por mandato de Cristo, proclama o Evangelho até o último recanto da terra. 

(Cartaz afixado na Catedral de Cantuária em 1988, por ocasião da Conferência de Lambeth)

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