Declaração do Sr. Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, sobre a Igreja do Uganda feita a 09/06/2023
 

“Recentemente, escrevi ao meu irmão em Cristo, o primaz do Uganda, o Arcebispo Stephen Kaziimba, para expressar a minha dor e consternação com o apoio dado pela Igreja Anglicana do Uganda à Lei Anti-Homossexualidade. Faço esta declaração pública com tristeza e com orações contínuas pela reconciliação entre as nossas igrejas e em toda a Comunhão Anglicana. Estou profundamente ciente da história do domínio colonial no Uganda, tão heroicamente resistido pelo seu povo. Mas não se trata de impor valores ocidentais aos nossos irmãos e irmãs anglicanos do Uganda. Trata-se de lembrá-los dos compromissos que assumimos como anglicanos em tratar cada pessoa com o cuidado e o respeito que merecem como filhos de Deus.
 
Dentro da Comunhão Anglicana continuamos a discordar sobre as questões da sexualidade, mas no nosso compromisso com a dignidade humana dada por Deus, devemos estar unidos. Lembrei ao Arcebispo Kaziimba que os anglicanos de todo o mundo há muito se unem na oposição à criminalização da homossexualidade e das pessoas LGBTQ. Apoiar essa legislação é um afastamento fundamental do nosso compromisso de defender a liberdade e a dignidade de todas as pessoas. Não há justificação para nenhuma província da Comunhão Anglicana apoiar tais leis: nem nas nossas resoluções, nem nos nossos ensinamentos e nem no Evangelho que compartilhamos.
 
A Igreja do Uganda, como muitas Províncias Anglicanas, mantém o ensinamento cristão tradicional sobre a sexualidade e o casamento estabelecido na Resolução i.10 da Conferência de Lambeth de 1998. Essa resolução também expressava o compromisso de ministrar pastoralmente e com sensibilidade a todos – independentemente da orientação sexual – e condenava a homofobia. Eu disse ao Arcebispo Kaziimba que não consigo ver como o apoio da Igreja do Uganda à Lei Anti-Homossexualidade aprovada no seu país é consistente com as suas muitas declarações em apoio à Resolução i.10.

Mais recentemente, no Encontro dos Primazes Anglicanos em 2016 em Cantuária, os Primazes da Comunhão Anglicana “condenaram o preconceito homofóbico e a violência e resolveram trabalhar juntos para oferecer cuidado pastoral e serviço amoroso, independentemente da orientação sexual”. Afirmamos que essa convicção surge do nosso discipulado de Jesus Cristo. Também “reafirmamos a nossa rejeição a sanções criminais contra pessoas atraídas pelo mesmo sexo” – e declaramos que “o amor de Deus por todo ser humano é o mesmo, independentemente da sua sexualidade, e que a Igreja nunca deve, pelas suas ações, dar qualquer outra impressão. ”

“Estas declarações e compromissos são o pensar comum da Comunhão Anglicana sobre a dignidade e o valor essenciais de cada pessoa. 

Portanto, exorto o Arcebispo Kaziimba e a Igreja do Uganda, um país e uma igreja que amo muito e ao qual muito devo, a reconsiderar o seu apoio a esta legislação e rejeitar a criminalização das pessoas LGBTQ. Também convoco os meus irmãos em Cristo, a liderança do GAFCON e a Global South Fellowship of Anglican Churches (GSFA), a deixar explícita e publicamente claro que a criminalização de pessoas LGBTQ é algo que nenhuma Província Anglicana pode apoiar: isso deve ser declarado inequivocamente.

Como discípulos de Jesus Cristo, somos chamados a honrar a imagem de Deus em cada pessoa, e oro para que os anglicanos sejam intransigentes e unidos nesse chamamento”.

[Traduzido e adaptado do site do palácio de Lambeth (News and Statements) pelo Departamento de Comunicação da Igreja Lusitana a 9 de junho 2023]

 

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