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Páscoa 2023 Carta Ecuménica do Sr. Arcebispo de Cantuária, Justin Welby
 

«Vão depressa dizer aos discípulos: Ele já ressuscitou e vai à vossa frente para a Galileia. É lá que o hão-de ver. Era isto que eu tinha para vos dizer». (Mateus 28.7)

É um tema recorrente das narrativas da ressurreição nos Evangelhos que os discípulos se debatem para compreenderem plenamente as boas novas da ressurreição. Eles não entendem o que tinha acontecido. São cautelosos e medrosos, carecem de determinação e esperam que algo aconteça. Jesus parece estar sempre mais à frente, ou a ver mais longe do que eles. Assim como o anjo insiste com os discípulos para seguirem Jesus para a Galileia, assim nós, temos constantemente que erguer os nossos olhos e focarmo-nos no futuro, o futuro de Deus, para onde Jesus nos está a levar.

No nosso tempo, pode ser muito fácil sentirmo-nos esgotados pelos acontecimentos e manter os olhos no chão. Este foi um ano de muito sofrimento, tristeza, incerteza e medo para tantas pessoas ao redor do mundo. Muitos continuaram a suportar as dificuldades da crise do custo de vida. Em todo o mundo, milhões estão envolvidos em guerras.

Continuamos a orar pelo povo sofredor da Ucrânia e por todos os que foram apanhados na violência dessa terrível guerra. Enquanto oramos também pelas pessoas envolvidas em conflitos em muitos países ao redor do mundo, por aqueles que se lamentam e os que foram deslocados.

Nunca é demasiado afirmar que, para os cristãos, há sempre um sentido de espera, de olhar para algo que ainda não se materializou neste mundo. O Reino é o agora e o ainda não. Mesmo que possamos elevar com esperança os corações, as atuais circunstâncias das nossas vidas fazem-nos cair constantemente. Frequentemente vivemos, por assim dizer, à meia-luz, na aurora do dia da ressurreição, quando o que realmente aconteceu ainda não tinha sido compreendido pelos discípulos.

Mais do que nunca acredito, que os laços da amizade ecuménica foram tecidos pelo Espírito Santo, ligando-nos e lembrando-nos do nosso amor mútuo e adoração de nosso Senhor e Salvador. A minha recente peregrinação Ecuménica de Paz ao Sudão do Sul com os meus irmãos Papa Francisco e o moderador Iain Greenshields, foi um sinal de que o Espírito Santo se move poderosamente quando vivemos a oração de Jesus para que os seus discípulos sejam um. Entretanto, as minhas visitas à Ucrânia, Constantinopla, Roménia, à Moldávia e à Austrália, lembraram-me do requisito vital para amarmos os nossos vizinhos e trabalhar juntos pela paz e a justiça para todo o povo de Deus.

Uma das tarefas dos cristãos é, sem dúvida, recordar constantemente o horizonte de esperança, que é Jesus ressuscitado. Devemos todos caminhar juntos, sejam quais forem as nossas tradições, rumo a esse horizonte, confiando com fé naquele que nos precedeu. O nosso caminhar juntos, trabalhando em amor e companheirismo, como fez a Igreja primitiva nos dias após o Pentecostes, é em si um sinal do poder divino de re-criação da humanidade e do mundo após a primeira Páscoa.

À medida que experimentamos os desafios atuais, podemos continuar a nos voltar uns para os outros, relembrando o caráter inédito deste tempo na história das amizades e oportunidades de diálogo entre nós.

Assim, trago-vos alegres saudações de Páscoa, um tempo de renovação e de confiança sincera na ressurreição que a todos nos inclui. Enquanto cristãos, temos uma fonte de esperança; Ele que no primeiro dia saiu do túmulo, irrompendo na vida e compartilhando o seu amor com o mundo.

Aleluia! Cristo ressuscitou!
 

(Traduzido pelo Departamento de Comunicação da Igreja Lusitana em 4 de abril de 2023 de carta enviada ao Bispo da Igreja Lusitana)

 

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