22 de dezembro de 2016

Saudações em Nome de Jesus, a Palavra feita carne, o Emanuel, que veio para habitar entre nós, pela acção de Deus e pela obediência da sua Bem-aventurada Mãe, a portadora de Deus.

Em Novembro, visitei o Paquistão para expressar a minha solidariedade com as comunidades Cristãs espalhadas por esse país, que tanto têm sofrido nos últimos anos. Recordamos o massacre de inocentes que cultuavam a Deus no Domingo de Páscoa em 2016 na cidade de Lahore, e antes disso, os ataques em Peshawar no Natal de 2013 e muitos outros incidentes. Esses ataques estavam pensados não apenas para infligir um forte sofrimento, mas também para semear o medo no coração dos Cristãos e de outras comunidades minoritárias. Durante a minha visita falei com alguns dos sobreviventes desses ataques, e senti-me muito comovido e humilde diante da sua extraordinária coragem ao continuarem a ser fieis em testemunhar a sua fé em Jesus. Diziam que agora sabiam mais do que nunca que Jesus é o Bom Pastor.

Em muitos lugares do nosso mundo perturbado e incerto, as comunidades Cristãs minoritárias juntamente com outras minorias de forma semelhante se têm tornado num alvo. Isto é motivado pelo desejo de erradicar completamente a presença dos Cristãos naturais desses lugares. Estes são actos não apenas de terror, mas de genocídio; são actos criminosos que devem motivar a comunidade internacional a trazer à justiça os seus responsáveis. No entanto sendo tão vulneráveis e com frequência esquecidos e marginalizados, os nossos irmãos e irmãs, estão a ser corajosos no Senhor. Realmente “Deus escolheu o que é fraco no mundo para envergonhar os fortes” (I Coríntios 1:27).

Noutros lugares o conflito e a corrupção tornaram-se tão normais que o mundo esqueceu o sofrimento dos pobres.

Peço as vossas orações por aqueles de nós que vivem em segurança, para que não nos tornemos em espectadores distantes, que batem com a mão no peito quando nos retiramos para a segurança das nossas casas, mas que nos possamos aproximar da cruz de Jesus, permanecendo ao lado dos nossos irmãos e irmãs que sofrem e para estarmos prontos a fazer a nossa parte com acções práticas de mudança. Oro para que Cristo fortaleça todo o seu povo no seu mais intimo com o poder de Espírito Santo para ser fiel, para ter coragem e para viver na esperança.

Mais do que nunca necessitamos de comunidades parecidas com Cristo, que proclamam as Boas-Novas do Evangelho na Palavra e na Acção. Em muitos países não há perseguições, nas há apatia e complacência que nos leva a ser, segundo as palavras notáveis do Papa Francisco, ateus praticantes.

Uma comunidade parecida com Cristo, mede-se pela forma como atrai para o centro da sua vida os vulneráveis e os marginalizados. Na reunião dos Primazes da Comunhão Anglicana em Janeiro deste ano, Jean Vanier, o fundador da obra L´Arche, ajudou-os a compreenderem o que isto significa. Noutro lugar ele afirmou: “Viver com Jesus é viver com os pobres, e viver com os pobres e viver com Jesus” (Community and Growth,1989).

Mais do que nunca, temos um forte sentido da unidade dos Cristãos. Deus ouve a oração do Senhor Jesus Cristo: “Que eles possam ser um, para que o mundo creia que Tu me enviaste” (João 17:21), e Ele continua a cumprir a sua oração. Enquanto hoje estamos profundamente conscientes do ecumenismo do sangue, também vivemos no ecumenismo da esperança, e somos chamados a um ecumenismo da acção. Viver com os vulneráveis e os marginalizados, com Jesus Cristo no centro das nossas comunidades e no coração das nossas relações ecuménicas, para agir juntos com amor e em amor, amor que é um fruto do Espirito Santo, é também viver como semeadores da esperança. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me seguir deixa de andar na escuridão e terá a luz da vida” (João 8:12). S. João Evangelista, com palavras que serão escutadas em muitas das nossas Igrejas durante este Natal que ser aproxima, também nos fortalece com esta mensagem: “ A luz brilha nas trevas, trevas que a não venceram.” (João 1:5).

Na nossa celebração comum da luz de Jesus que veio ao mundo, que possamos já hoje encorajar e construirmo-nos uns aos outros, e que em todos os lugares a Igreja possa, unida com o sofrimento e na esperança, brilhar com a sua luz e agir com o seu poder.

Justin Welby, Arcebispo de Cantuária

 

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